26 de Novembro de 2010
O Desassossego – uma perpétua e ruidosamente silenciosa acção, emergida das ondas do corpo mútuo e flexível, como o mar. A agitação entre os gritos calados penetra na mente dos pássaros que os humanos sonham ser e quebram-se os desejos. Para sempre vive, então, o peso da noção pura e a prisão da mente e do desejo! Por mais que os filósofos digam que sim, que somos livres, pelo menos na nossa imaginação, não acredito que seja verdade. O orgasmo da inocência rebenta como o ventre de uma mãe e começa a ouvir-se o tilintar do peito. Os braços, fazendo de ramos de amendoeira, na sua ingénua brancura, caem sobre a ria que tenta infiltrar-se na maré, forçada pelo inexplicável desejo e o cheiro que claramente se sabe que não é nem de amêndoa, nem de maçã. O fôlego fecha-se nas masmorras e as veias formadas na areia começam a explodir, criando remoinhos. A tentação é maior que a impaciência. Por fim, o toque dos sinos é tão agudo que só queres arrancar as tuas fontes e murchar como uma flor, queimada pelo frio do dia, entre uma duna e outra.
O desassossego, como o teu beijo!
Quem me dera reencarnar Pessoa...
Ksenia Kvast- 10º N
Foi através deste texto que consegui expor as emoções inexplicáveis que me trouxe o Filme do Desassossego, de João Botelho, baseado na obra homónima de Fernando Pessoa, estreado no TEMPO a 25 de Novembro de 2010. E foi também através deste filme que ganhei um maior interesse, e posso admitir, até uma paixão ainda maior, por esta personagem tão plurifacetada da história da Literatura Portuguesa, que foi Fernando Pessoa.
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