Caim... o nome ressoa-me na mente, mas não o identifico imediatamente. Faço uma pequena pesquisa na Internet e logo entro num longínquo passado - como Caim - e recordo. Relembro a minha fugaz passagem por Monchique num assombroso Verão onde ainda mais assombrosas leituras pagãs fiz, leituras que me despertaram a curiosidade para as denominadas sagradas escrituras, que efectivamente li sob a égide do meu cepticismo. Relembrei nessa fugidia memória, o jardim do Éden, onde Adão e Eva passaram muitos anos, tendo sido depois castigados e ido viver para a Terra, só por comerem um fruto de uma árvore, (que crime mais patético de se cometer!). Recordo também os seus filhos, os dois primeiros, em especial, Abel e Caim, nomes indissociáveis pelo seu entrosamento e história, mas que eu ousei dissociar. Mais cuidado tenho de ter, pelo receio da fúria divina que, segundo Saramago, é fatal!
Ora bem, quem conhece a história como deve de ser apercebe-se de que o Senhor é alvo de uma chantagem por parte do assassino Caim, e Deus faz um pacto com ele. Caim deve deixar tudo o que tem para trás e ter uma vida de forasteiro e de permanente viajante, não encontrando pouso em algum lugar da Terra; em troca, Deus marca Caim com um sinal na sua testa e, dessa forma, Caim estará preservado de todos os males violentos do Mundo e só morrerá por morte natural.
Caim parte e toma o caminho, para alguns, o que Deus lhe mostrar, para outros, o que lhe aprouver.
De alguma forma, que o autor não explica, Caim ganha o poder de, sem o controlar, viajar pelos futuros, que para ele se tornaram presentes, e assistir a alguns episódios que mostram uma imagem muito diferente, digamos assim, da imagem que temos de Deus.
É um livro que aconselho vivamente para quem se sente curioso sobre que tipos de episódios são esses e no que consistem. Para os que se assumem cristãos, penso que a leitura deste livro poderá ser chocante. Acima de toda a polémica que o envolve, acho que é um livro escrito de forma exímia e desafiante para os alunos que estejam a iniciar leituras mais “sérias”.
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