LEIA - Quem somos

O projecto LE.I.A. continua activo e aparece agora renovado: ao associar-se ao projecto LER+ do Plano Nacional de Leitura, ganhou a sigla M.L.M (Melhores Leitores do Mundo). Continua a ser um espaço de partilha de experiências de leitura, mas integra agora na sua estrutura um verdadeiro clube de alunos leitores.

Permanece, no entanto, sempre aberto às sugestões de leitura que nos queiram enviar. Por isso, se acabou de ler um livro e gostou, escreva alguma palavras sobre ele e envie o texto para
leia.esmtg@gmail.com. Nós temos o maior gosto em publicá-lo no blogue.
Sugira. Comente. Participe. O blogue é o seu espaço.

Ana Gonzaga

Rosário Cardoso







quarta-feira, 20 de abril de 2011

No rasto de Pessoa e de Eugénio

"Não.


Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração."


Exprimo o que pensava sentir. Escrevo o que julgava saber. Digo o que cria conhecer. Pensava ter prazer naquilo que vivia, tentando não pensar, enquanto pensava no gestos que absorvia. Julgava saber aquilo que não sei, sabendo, na altura, que, na verdade, não o sabia. Acreditava desfrutar os momentos vividos, consciencializando-me que esses estavam perdidos. Pretendia viver na pele de outrem, deixando a minha razão funcionar que nem vaivém. Um vaivém de consciência e imprudência, de crer no prazer momentâneo, quando esse não mostra, sequer, a sua existência.

No dia-a-dia, "Exprimo o que já não sinto/ Escrevo o que já pensei. / Em arte, se sofro, minto:/ Registo o que já não sei." Represento a pessoa que não sou, capturando a pomba que nunca voou. Partiu a asa, logo cedo, fingindo voar, quando, na verdade, tinha medo.

Criei um heterónimo nunca antes conhecido, escondendo o meu ortónimo, que, agora, anda perdido. Perco-me na minha consciência, acreditando ser inconsciente, quando a razão está sempre presente.

Procuro usar os sentidos, notando como andam perdidos, na imensidão do pensamento, onde é desperdiçado talento.

Perdi tempo da minha curta jornada, pensando em ti, sempre preocupada, tentando explicar os vários porquês, que, cada vez, são mais, tornando todas as minhas crenças irracionais.

Vagueio pelos dias, sem qualquer objetivo, criando obstáculos sem aparente motivo. Talvez queira entreter a mente, forçando emoções, acreditando que o coração está demente e não sente.

Nunca sei onde quero chegar, muito menos como ou quando parar. Talvez o fim seja a solução, talvez a morte seja a libertação. Porém, a morte é para os fracos, aqueles que não pensam, para os que desistem. Eu penso e existo, pertencendo ao grupo dos resistem.

Não sei colocar um ponto final nesta confusão. Não consigo chegar a uma conclusão. O melhor, talvez, seja terminar gritando e exclamando "eu estou viva!", apesar de ninguém o saber.

No fundo, continuarei perdida nos meus pensamentos, usando um heterónimo como entretenimento, para aqueles que observam a ilusão que transmito.

Ao chegar ao fim, noto a pobreza das minhas palavras, desiludindo-me com a forma como foram usadas...

Talvez, quem sabe, um dia, tal como por magia, as palavras ganhem vida, percorram a minha folha de papel, sozinhas, lendo a minha mente, tornando-me, ainda mais, transparente.



Mónica Cid Nobre

Ainda o livro "O Leitor"

Um livro, um filme


O Leitor, de Bernard Schlink



Um jovem de 15 anos, Michael, encontra-se com uma mulher mais velha, Hanna, que o ajudara aquando da sua doença. Apesar da diferença de idades, os dois acabam por se envolver. Os encontros entre os dois obedeciam a um ritual: após uma sessão de leitura, em que Michael lia para Hannha, seguia-se uma relação sexual. No entanto, Hanna é avisada da sua promoção e, portanto, teria que trabalhar no escritório da empresa. Após este aviso, Hanna desaparece subitamente.
Anos mais tarde, Michael já adulto e estudante de Direito, volta a encontrar Hanna num julgamento. Esta era acusada de ter trabalhado para a SS na Segunda Guerra Mundial. Neste julgamento, várias mulheres eram acusadas de terem deixado morrer trezentas prisioneiras judias, queimadas numa igreja em chamas, durante a “Marcha da Morte”, que ocorrera durante a retirada do campo de Auschwitz. Hanna era uma delas. Entretanto, Michael descobre finalmente o seu segredo. Esta era analfabeta e ocultara-o por toda a vida por vergonha. A revelação desse segredo podia ser crucial para a decisão do tribunal. Assim, esta situação deixa Michael perante uma indecisão acerca do que deveria fazer.
Deveria revelar a verdade, visto que isso iria ser favorável a Hanna, em tribunal? Ou deveria respeitar a sua decisão e não contar nada, dado que ela acabara por esconder esse segredo durante a sua vida? Esta é uma excelente questão que o livro levanta, suscitando opiniões divergentes e interessantes, ponto de partida para um vivo debate.

Marlene Tinoco

Sobre a sessão com Pedro Medina Ribeiro - opiniões de alunos


Adorei a sessão com o escritor Pedro Medina. Este mostrou-se muito simpático e atencioso, sempre pronto a esclarecer as nossas dúvidas, da melhor maneira possível. Além disso, conseguiu despertar o interesse de todos os que não tinham lido o livro na íntegra, levando-os a requisitá-lo, novamente, no intuito de o lerem por completo. O escritor Pedro Medina também mostrou ser uma pessoa simples e bastante acessível, sem ares de superioridade, induzindo, assim, um maior interesse no diálogo e bastante interacção entre os leitores e o escritor.


Marlene Tinoco


No passado dia 23 de Março o clube LEIA – MLM teve o prazer de receber o escritor Pedro Medina na biblioteca escolar, para uma sessão sobre o seu livro "A Noite e o Sobressalto". Os alunos do clube prepararam previamente a leitura da obra e perguntas pertinentes para colocar ao autor e a sessão decorreu num ambiente agradável e familiar. Pedro Medina falou da sua experiência pessoal e o debate envolveu tanto uma discussão sobre a obra como sobre o género literário fantástico. A obra em si é uma colectânea de contos variados que escreveu durante sete anos, englobando histórias diversas que passam por práticas de ocultismo, criaturas míticas, magia e finais inesperados. A tarde foi do agrado de todos e deixou a vontade de repetir uma sessão semelhante.

Teresa Garrocho

A sessão com o autor foi ao encontro das minhas melhores expectativas. Perante mim, estava, claramente, o escritor do livro que eu não li, devorei!
Espero antecipadamente pela sua próxima obra!
 
Nuno Pascoal