LEIA - Quem somos

O projecto LE.I.A. continua activo e aparece agora renovado: ao associar-se ao projecto LER+ do Plano Nacional de Leitura, ganhou a sigla M.L.M (Melhores Leitores do Mundo). Continua a ser um espaço de partilha de experiências de leitura, mas integra agora na sua estrutura um verdadeiro clube de alunos leitores.

Permanece, no entanto, sempre aberto às sugestões de leitura que nos queiram enviar. Por isso, se acabou de ler um livro e gostou, escreva alguma palavras sobre ele e envie o texto para
leia.esmtg@gmail.com. Nós temos o maior gosto em publicá-lo no blogue.
Sugira. Comente. Participe. O blogue é o seu espaço.

Ana Gonzaga

Rosário Cardoso







quarta-feira, 29 de junho de 2011

O último encontro

Com a chegada do calor, o fim das aulas também se aproxima e o LEIA-MLM não poderia deixar de realizar uma última sessão.

Dia 8 de Junho de 2011, pelas 14 horas, na biblioteca da Escola Secundária Manuel Teixeira Gomes, deu-se a última discussão literária, com a presença dos vários membros o clube, entre os quais professores e alunos, e alguns convidados especiais – dois membros da direção e a nossa querida surpresa.

Uma das nossas professoras deliciou-nos, durante toda a semana, com uma suposta surpresa que se iria dar neste último encontro. Para nosso espanto, a novidade consistia na visita de um professor de geografia, Nuno Baptista.

A verdade é que ninguém entendeu a razão de tanto suspense, até o diálogo ser iniciado. O professor conseguiu cativar toda a biblioteca em meros segundos. Inicialmente, começou por contar a sua experiência como leitor, o porquê de gostar de ler e desfez os preconceitos que insistiam em separar as ciências das literaturas. Seguidamente, explicou o motivo pelo qual escolheu o livro que apresentou – O Malhadinhas de Aquilino Ribeiro. Toda a sala participou com gargalhadas e com as suas próprias impressões de leitura, partilhando momentos de prazer relacionados com literatura.

Algo que impressionou, tanto os alunos, como os professores, foi a vida de Aquilino, contada através da voz do professor Nuno, pois deu uma nova consciência da época Salazarista e também uma nova visão acerca do orgulho pelo nosso trabalho – Aquilino fora uma pessoa muito talentosa, porém, apesar de ser nomeado para vários prémios, nunca aceitou qualquer um deles.

Após uma viagem no tempo, regressámos aos livros, com O Malhadinhas. Segundo o professor Nuno, Malhadinhas era uma personagem complicada, travessa. Este faz uma analepse e conta a sua história, revivendo os momentos de quando era jovem – com a sua navalha e o seu jeito desenrascado. Uma escrita muito trabalhada e muito singular, com uma linguagem muito cuidada, um livro que, segundo o nosso convidado, vale a pena comprar e deleitar-nos um pouco com ele.

Desta forma, foram passadas algumas horas em pleno convívio e prazer. Depois de muita conversa, risos e partilha de impressões de leitura, nada melhor que um belo lanche, oferecido pela nossa escola, para terminar a tarde.

Foi um bom fim de ano para o clube de leitura. Para o ano há mais.



Mónica Nobre 

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Morreste-me de José Luís Peixoto

Uma estrondosa confusão de sentimentos, emoções. Um expressar de angústia, mágoa, mal-estar e depressão. Uma aceitação e recusa simultânea de uma morte repentina. Um caminho cheio de pedras e obstáculos a percorrer, um percurso que poderá ser belo, porém muito atribulado, uma viagem sem ninguém para ajudar, pois essa pessoa já foi. Uma queda sem alguém para a amparar. Uma lágrima sem quem a seque… um misto de conversas interiores, que só o inconsciente pode ouvir. Tudo isto numa pequena obra de ficção, em apenas 39 páginas. Peixoto consegue resumir, numa história não verídica, toda a emoção que um romance exige. É tal e qual um frasco de perfume, quanto mais pequeno for a sua embalagem, mais concentrado será o seu aroma, mas forte será, o seu impacto também será maior, tal como o livro.

É uma obra quase inexplicável, que, só lendo, é possível entender.

Mónica Cid

Rabbit Proof Fence by Doris Pilkington Garimara

When I started reading the book, it was impossible to stop. I thought to myself that this was the greatest escape of all time.

Before reading the book, I never thought that could ever do such things to children, even if they were "Half-caste"!

In Rabbit-Proof Fence, award-wining author Doris Pilkington traces the story of her mother, Molly, one of three young girls uprooted from their community in Southwestern Australia and taken to the Moore River Native Settlement. There, Molly and her relatives Gracie and Daisy were forbidden to speak their native language, forced to abandon their heritage, and taught to be culturally white. After regular stays in solitary confinement, the three girls planned and executed a daring escape from the grim camp.

This book can be read by everyone, but in my opinion, I would indicate to people over 16/18 years because it has a great historical environment that need to be understood! The book is relatively small. It has about 160 pages. But for those who do not like reading, there is also the movie but escapes the details of the book as usual.
 Joana Gordine

quarta-feira, 25 de maio de 2011

TO READ or NOT TO READ, that is the question

BOOK REVIEWS - 12º ano, disciplina de Inglês

As "book reviews" que se seguem, são da autoria dos alunos de Inglês do 12º ano. De facto, ler uma obra integral é um dos objectivos do programa de Inglês deste ano de escolaridade. Mas porque a leitura, se possível, deve ser feita por prazer e não por imposição, optou-se por dar a todos os alunos a possibilidade de escolha de uma obra que fosse ao encontro dos seus interesses, em vez de se impor um livro único para todos.

Espero que o prazer que estes jovens encontraram nestas leituras e que decorre das suas palavras, possa estimular muitos outros a percorrer estas mesmas páginas e, a partir delas, construir novos sentidos.
Estela Vieira

(professora de Inglês, 12º ano)

About a boy by Nick Hornby

I read a book called ‘About a boy’, by Nick Hornby, an English writer. The book shows the relationship between two male characters. They are both very different, but they also have a lot of things in common. They don’t know each other and live very different lives. Marcus is 12 years old but acts like an adult and lives a difficult life because of the kids in his school. He is not accepted due to his way of dressing or his musical taste. His mother fell into depression after her divorce from Marcus’s father. Will is the opposite of Marcus, he acts like a teenager although he is already 36 years old. He listens to Snoop Dog and goes to the nicest clubs. He is a womanizer and doesn’t need to work thanks to his father. They live their own lives until they meet. May these characters help each other despite their different lives?

Everybody can read this book. This was the first English book I read and I had no problems reading it. Reading this book improved my English vocabulary. Shouldn’t you want to read in English, read it in Portuguese! This is an everyday story written with a lot of humour. You may already have seen the film but I recommend you to read the book because it is even nicer.

Anne Geerlings
12.ºE

The Girl with the Dragon Tattoo by Stieg Larsson

To those who are interested in exploring different aspects of life and to those who like to reflect about various matters I recommend reading a Stieg Larsson’s book “The Girl with the Dragon Tattoo” the first one from a trilogy. The book doesn’t only tell an interesting story with breath taking moments, which isn’t always easy, but in my opinion the author linked together difficult subjects from our daily lives in a most fascinating way. The author made a story about a mysterious disappearance, which led to a mysterious and appealing investigation and then even related the case to World War II and physical, psychological and sexual violence against women.
This book is perfect for those who realise that life isn’t a fairy tale and struggle to understand aspects of human nature and different ways of adapting to hard circumstances and who ultimately manage to survive.

Viktoria Nestserava

P.S. I Love you by Cecelia Ahern

When our English teacher asked us to read and present a book the previous term, I didn’t know that this work would be so interesting and rewarding. The books I most enjoy reading are usually novels so, when I went to the book store and saw “P.S. I love you” I thought that it should be a nice book to read. I had already heard about this book and seen some extracts of the film, however I can assure you that the book is a far cry better than the film.

“P.S. I love you” tells the story of Holly, a thirty-year-old widower who lost her childhood sweet-heart and husband, Gerry. Like any other couples, they had their fights, but they were usually caused by little things such as: whose time it was to turn off the light before going to bed or who had forgotten to put another milk carton in the fridge. Since Holly was a walking disaster Gerry had the idea of creating The List. According to Gerry, Holly was too distracted and sensitive to ever be able to live without him, so all these things they fought about would have to be documented and organized in a list so that Holly never forgot to do some things and avoided doing others.

For a long time Holly and her closest friends thought that this List was just a private joke, however, when Gerry died, Holly soon found out that he was serious and had left her a List with envelopes that would gently guide her into her new life without him, each signed “P.S. I love you” and containing a very important message.

This is a book that shows the importance of friendship and love and reminds us to always say I love you to the ones that we truly care about because some day it will all be over and we won’t get a second chance. It also shows the power of family and the difficulties a person goes through when one of our dearest ones passes away.

I really liked this book because it is a very funny though sad story that makes us cry in some passages and laugh really heartily in others. It is very easy to read and well-written. If someone asked me, I would say that I truly recommend this book, especially to a female audience that like heart-warming novels since this book is about a love that never dies.

"Their plan had been very simple: to stay together for the rest of their lives."

— Cecelia Ahern (PS, I Love You)

Inês Metello

Tell Me Why Mummy by David Thomas

This review is about the book ‘Tell Me Why Mummy’, a dramatic autobiography written by David Thomas.

The story tells the tragic life of David, who is born in a family consumed by chaos, addiction, abuse and trauma. The reader gets the opportunity to follow David’s life – from his first years to young adulthood.

First of all, let’s talk about the outlook of the book. It is covered in beige and light blue tones – soft and delicate colours that create an ironic contrast to its content. The story inside is heavily dramatic and dark, yet the outside is light and subtle. A good example of why we should not ‘judge a book by its cover’.

Regarding imagery, it features a blue-eyed young child dominating the cover. The sad look on the expressive little boy’s face can be easily interpreted as a cry for help, connoting the heartbreaking storyline. This image is more allusive to the content, giving the possible readers a more realistic feel of the book, despite the misleading colours aforementioned.

I believe the contrast on the cover (dramatic imagery accompanied by fragile colours) becomes an absolute eye-candy, grabbing the attention of the future reader. It becomes interesting and complex at first sight, leading the potential reader to give it a try.

Now that the outer features have been discussed, we shall move on to the inner elements of David Thomas’s book.

It has been mentioned above that the book is a candid autobiography about Thomas’s disturbing past; a detailed picture of a hectic life filled with traumatic experiences.

The combination of the intimate theme and the fact that it is written in the first person transforms the book into an one-on-one private conversation; the author engages the reader with its personal and approachable language and down-to-earth attitude.

In other words, the autobiography isn’t a polished, well-structured and epic tale, written with eloquent vocabulary.

It is simple, familiar and natural, like if you were David Thomas’s psychologist and you were both sitting down, in a therapy session.

The main themes of the book are sexual abuse, love and forgiveness. The author grows up in a family where his mother sexually abuses him, and his stepfather beats him up. And even though he stumbled upon the consequences of those years of suffering, he still managed to overcome all of that, and become a successful, worldwide known motivational speaker and record-breaker. As Thomas states in the book, all of his success is due to the fact he was able to forgive his parents, and move forward.

The thesis of the story is how everyone can actually overcome any obstacle, and how life teaches us lessons that we must go through in order to evolve and grow as human beings, instead of feeling sorry for ourselves and living stuck in painful memories.

David Thomas could be the poster child for the thesis. He was able to emerge from his dark and rotten upbringing to a bright and successful life, keeping all the excruciating recollections of the past, but always looking forward.

All in all, I believe this book is an uplifting piece of art. It could easily inspire anyone who needed motivation. And even though it is not an easy-reading book (the description of the sexual abuse by his mother is very visual, which could put some readers off), it would definitely inspire and motivate the reader, no matter what.

I think David Thomas didn’t write the book just to tell his tragic life story – he did it so that he could help everyone in the same position, who needs to clean out the closet and move on.

I strongly recommend this book, because it can encourage anyone to look for a brighter future and better tomorrow. If he did it, so can everyone.





Gonçalo Rochate, n.5, 12ºG

The Talented Mister Ripley by Patricia Highsmith



A brilliant criminal suspense thriller written by Patricia Highsmith, The Talented Mr. Ripley was one of the most addicting books I’ve ever read. The way it’s written, in par with an excellent plot, are sure to keep any reader interested, regardless of whether one is used to reading books in this genre or not. In my case, I’ve never read a criminal thriller before and I’m glad I read this particular book first, so I can confidently say I am now a fan of the genre. I really recommend this book, as it is, undoubtedly, a must-read for any fan of good suspense looking for an addicting masterpiece.


Nuno Antunes

Angela's ashes by Frank McCourt

(1)"When I look back on my childhood I wonder how I survived at all. It was, of course, a miserable childhood: the happy childhood is hardly worth your while. Worse than the ordinary miserable childhood is the miserable Irish childhood, and worse yet is the miserable Irish Catholic childhood."


This is the story of a boy, Frank McCourt, his family and life in Ireland. When things may seem a little sad, this story is a reminder that they can always get worse. The opening sentence of the book(1) captures your attention, makes you wonder why the character feels that way and, while you read the story, you realize it. You are led into a first person narrative, through the author's childhood and adolescence. This book takes you on a wild ride back and forth from the streets of New York to the slums of Limerick, Ireland. The narrative is bold, fun, smart and sometimes heartbreaking. McCourt describes his family brilliantly allowing us a glimpse of his past and what made them what they were - his alcoholic father, his broken mother and his brothers. When it comes to the last page, you feel wonderfully intimate of this family. The way McCourt uses words to describe his thoughts and feelings is unbelievable. The images are vivid, almost like a movie, you can almost hear the author telling you about their difficulties with a bitter smile on his face. This book encompasses everything from a hospital admission, the death of siblings still in his early years until the need to steal to survive. This is a motivating novel that makes you realize that, however bad things get, unless you're dead, you can make them better. I highly recommend this book. As far as I recall, this is one of the best books I’ve ever read.

Adrina Cunha

Matilda by Roald Dahl

Matilda is an original and humorous story. Probably the most well- known book written by Roald Dahl for children. It was one of the best books I read during my childhood. It is a story about a fantastic and bright young girl, Matilda, who had a passion for books and reading. To create a genius like Matilda, the author was fascinated about Wolfang Amadeus Mozart, who was already composing music by the age of five. This was one of the things that made him realize that adults often underestimate children. Matilda´s parents, Mr. And Mrs. Wormood, think she´s just a nuisance. Matilda thinks, rightly, that all they are interested in is watching television and making money by cheating people. They can be considered as a caricature of dishonest but stupid people. She decides to punish them. Using her intelligence, she creates a lot of funny situations, with a bit of irony, in order to be more respected by her parents. She soon discovers that she has supernatural powers which prove to be useful both at home, and at school, to help her friends to confront then the terrible headmistress, Mrs. Trunchbull. This character, the villain of the story, has a very strong personality, as well as constant bad mood, and a controversial career, for being Matilda´s school headmistress and hating children at the same time. This story teaches some values and lessons about friendship and betrayals.

The author has a very particular writing style, describing every character and situation in a very personal way, like every character was a friend of his, making us get familiar with them.

The book won the Children´s Book Groups Award in 1988. I recommend it for those who enjoy outstanding stories, written with some criticism, humour and irony, with unique characters.

Mathilde Major 12º G nº 15

Salem Falls by Jodi Picoult

Salem Falls, a novel which gives you food for thought.


What makes two young girls ruin a life?

What made them lie about having been raped?

This novel tells the story of Jack St. Bride, a 31-year-old history teacher and soccer coach, who’s wrongly accused of raping two teenage girls. He must bear the shame of facing two trials, one sentence, the registration as a sex offender and the prejudiced eyes of those who want him lynched. But one person believes in Jack, even when his own mother abandoned him. Her name is Addie.

I loved reading this novel, it attracts the reader’s attention and you can feel every emotion in the book. You get angry with it all, because you know Jack is innocent and desperate as Addie tries to help him. It is thanks to her that Katherine, the first girl who accused Jack, comes forward and tells the truth.

I recommend this novel to everyone. From those who like witches and reading everything related to them (the word Salem in the title has you reaching for this book on the library shelf and the blurb quickly tells you you’re not wrong about the contents). The witchcraft here deals with Wicca, but Picoult never takes a stand on the religion, leaving this up to the readers, describing only some Wiccan traditions and rituals, and some of the effects of the spells cast by some characters.

This is the right novel to those who like to while away time with an interesting contemporary novel that raises the issues of love and trust, parental relationships, the teenage psyche, dishonesty and prejudice.

Sofia F. 12ºG

quarta-feira, 20 de abril de 2011

No rasto de Pessoa e de Eugénio

"Não.


Eu simplesmente sinto

Com a imaginação.

Não uso o coração."


Exprimo o que pensava sentir. Escrevo o que julgava saber. Digo o que cria conhecer. Pensava ter prazer naquilo que vivia, tentando não pensar, enquanto pensava no gestos que absorvia. Julgava saber aquilo que não sei, sabendo, na altura, que, na verdade, não o sabia. Acreditava desfrutar os momentos vividos, consciencializando-me que esses estavam perdidos. Pretendia viver na pele de outrem, deixando a minha razão funcionar que nem vaivém. Um vaivém de consciência e imprudência, de crer no prazer momentâneo, quando esse não mostra, sequer, a sua existência.

No dia-a-dia, "Exprimo o que já não sinto/ Escrevo o que já pensei. / Em arte, se sofro, minto:/ Registo o que já não sei." Represento a pessoa que não sou, capturando a pomba que nunca voou. Partiu a asa, logo cedo, fingindo voar, quando, na verdade, tinha medo.

Criei um heterónimo nunca antes conhecido, escondendo o meu ortónimo, que, agora, anda perdido. Perco-me na minha consciência, acreditando ser inconsciente, quando a razão está sempre presente.

Procuro usar os sentidos, notando como andam perdidos, na imensidão do pensamento, onde é desperdiçado talento.

Perdi tempo da minha curta jornada, pensando em ti, sempre preocupada, tentando explicar os vários porquês, que, cada vez, são mais, tornando todas as minhas crenças irracionais.

Vagueio pelos dias, sem qualquer objetivo, criando obstáculos sem aparente motivo. Talvez queira entreter a mente, forçando emoções, acreditando que o coração está demente e não sente.

Nunca sei onde quero chegar, muito menos como ou quando parar. Talvez o fim seja a solução, talvez a morte seja a libertação. Porém, a morte é para os fracos, aqueles que não pensam, para os que desistem. Eu penso e existo, pertencendo ao grupo dos resistem.

Não sei colocar um ponto final nesta confusão. Não consigo chegar a uma conclusão. O melhor, talvez, seja terminar gritando e exclamando "eu estou viva!", apesar de ninguém o saber.

No fundo, continuarei perdida nos meus pensamentos, usando um heterónimo como entretenimento, para aqueles que observam a ilusão que transmito.

Ao chegar ao fim, noto a pobreza das minhas palavras, desiludindo-me com a forma como foram usadas...

Talvez, quem sabe, um dia, tal como por magia, as palavras ganhem vida, percorram a minha folha de papel, sozinhas, lendo a minha mente, tornando-me, ainda mais, transparente.



Mónica Cid Nobre

Ainda o livro "O Leitor"

Um livro, um filme


O Leitor, de Bernard Schlink



Um jovem de 15 anos, Michael, encontra-se com uma mulher mais velha, Hanna, que o ajudara aquando da sua doença. Apesar da diferença de idades, os dois acabam por se envolver. Os encontros entre os dois obedeciam a um ritual: após uma sessão de leitura, em que Michael lia para Hannha, seguia-se uma relação sexual. No entanto, Hanna é avisada da sua promoção e, portanto, teria que trabalhar no escritório da empresa. Após este aviso, Hanna desaparece subitamente.
Anos mais tarde, Michael já adulto e estudante de Direito, volta a encontrar Hanna num julgamento. Esta era acusada de ter trabalhado para a SS na Segunda Guerra Mundial. Neste julgamento, várias mulheres eram acusadas de terem deixado morrer trezentas prisioneiras judias, queimadas numa igreja em chamas, durante a “Marcha da Morte”, que ocorrera durante a retirada do campo de Auschwitz. Hanna era uma delas. Entretanto, Michael descobre finalmente o seu segredo. Esta era analfabeta e ocultara-o por toda a vida por vergonha. A revelação desse segredo podia ser crucial para a decisão do tribunal. Assim, esta situação deixa Michael perante uma indecisão acerca do que deveria fazer.
Deveria revelar a verdade, visto que isso iria ser favorável a Hanna, em tribunal? Ou deveria respeitar a sua decisão e não contar nada, dado que ela acabara por esconder esse segredo durante a sua vida? Esta é uma excelente questão que o livro levanta, suscitando opiniões divergentes e interessantes, ponto de partida para um vivo debate.

Marlene Tinoco

Sobre a sessão com Pedro Medina Ribeiro - opiniões de alunos


Adorei a sessão com o escritor Pedro Medina. Este mostrou-se muito simpático e atencioso, sempre pronto a esclarecer as nossas dúvidas, da melhor maneira possível. Além disso, conseguiu despertar o interesse de todos os que não tinham lido o livro na íntegra, levando-os a requisitá-lo, novamente, no intuito de o lerem por completo. O escritor Pedro Medina também mostrou ser uma pessoa simples e bastante acessível, sem ares de superioridade, induzindo, assim, um maior interesse no diálogo e bastante interacção entre os leitores e o escritor.


Marlene Tinoco


No passado dia 23 de Março o clube LEIA – MLM teve o prazer de receber o escritor Pedro Medina na biblioteca escolar, para uma sessão sobre o seu livro "A Noite e o Sobressalto". Os alunos do clube prepararam previamente a leitura da obra e perguntas pertinentes para colocar ao autor e a sessão decorreu num ambiente agradável e familiar. Pedro Medina falou da sua experiência pessoal e o debate envolveu tanto uma discussão sobre a obra como sobre o género literário fantástico. A obra em si é uma colectânea de contos variados que escreveu durante sete anos, englobando histórias diversas que passam por práticas de ocultismo, criaturas míticas, magia e finais inesperados. A tarde foi do agrado de todos e deixou a vontade de repetir uma sessão semelhante.

Teresa Garrocho

A sessão com o autor foi ao encontro das minhas melhores expectativas. Perante mim, estava, claramente, o escritor do livro que eu não li, devorei!
Espero antecipadamente pela sua próxima obra!
 
Nuno Pascoal

quarta-feira, 30 de março de 2011

Semana da leitura (21 a 25 de Março)

Encontro com o escritor Pedro Medina Ribeiro
No dia 23 de Março, esteve presente na ESMTG, a convite do projecto LEIA-MLM, o escritor Pedro Medina Carreira, autor do livro de contos fantásticos “A Noite e o Sobressalto”, obra que faz parte da lista de livros seleccionados pelo projecto, para serem lidos e discutidos pelos alunos.

Na sessão participaram os alunos e professores que integram o referido projecto, que, assim, tiveram oportunidade de comentar a obra e colocar questões sobre a mesma e até mesmo sobre literatura fantástica, género tão do agrado dos jovens.

O encontro foi bastante participado e gratificante, quer para alunos e professores quer para o autor, também ele professor numa escola da cidade de Lagos, e cuja disponibilidade agradecemos.


Visitas do LEIA

Ao longo da semana, alunos do clube divulgaram nas turmas a poesia portuguesa, lendo poemas de variadas épocas e autores.

A selecção de textos foi feita, procurando a adequação dos mesmos às temáticas desta semana: semana da exposição fotográfica “Humanos”; semana da floresta e, claro, semana da leitura.

Ler um poema de um poeta português é sempre, em qualquer semana, dia, ano ou mês, uma excelente escolha!

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Enccontro LEIA - MLM

No dia 16 de Fevereiro de 2011, o clube LE.I.A. – M.L.M. reuniu-se de novo, agora para um encontro em torno do romance de Bernhard Schink, O Leitor.

A sessão foi precedida da apresentação do filme homónimo de Stephen Daldry, o que enriqueceu a discussão, permitindo não só o confronto das leituras sugeridas pelo livro, mas também o debate à volta da leitura do próprio realizador do filme.

Assinalamos a qualidade das intervenções dos alunos e a dinâmica daí resultante, que caracterizou o encontro.

Para a próxima reunião, agendada para 23 de Março, durante a semana da leitura, será lido o livro de contos A Noite e o Sobressalto, obra de estreia de Pedro Medina Ribeiro, que estará presente na sessão.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

O Rapaz do pijama às riscas (ainda oputra leitura)

O Holocausto foi, sem sombra de dúvida, o pior e mais horrendo período da História pois evidenciou o quão irracional se pode tornar o Homem, capaz de sacrificar a sua humanidade, em prol de uma utopia.

Em Um rapaz de pijama ás riscas, este tenebroso episódio é-nos relatado segundo o inocente ponto de vista de Bruno – filho de um general nazi que se viu obrigado a mudar de casa para a contiguidade de um campo de concentração. Bruno trava uma amizade com Schmuel, um jovem judeu, que definha a pouco e pouco, aos olhos de Bruno, sem que este fizesse algo significativo para o impedir.

Inicialmente, confesso que estava bastante ansiosa por ler este livro, pois sou uma entusiasta de temáticas relacionadas com o nazismo. Contudo, o meu interesse desvaneceu-se à medida que progredia na leitura. A cada página que lia, mais interesse perdia; a história ficou muito aquém das minhas expetativas e, inclusive, do próprio potencial do tema. O autor talvez tenha tentado proporcionar ao leitor a oportunidade de conhecer a história segundo uma perspetiva mais ingénua, crédula e pueril, no entanto, acabou por mitigar a brutalidade das decisões e consequentes ações tomadas. Ignorou a agonia e sofrimento patentes nas súplicas por misericórdia, as lágrimas que foram choradas, as preces que nunca foram ouvidas, ignorou as almas que penaram sem qualquer demonstração de compaixão face ao seu pranto. Na minha opinião, é uma afronta à realidade vivida pelas vitimas desta nefanda realidade e um insulto ao espírito critico das crianças.

Este episódio marcou para sempre a história da Humanidade pelas piores razões, no mínimo, devemos ter em consideração a realidade, não o seu eufemismo.



Tatiana Martins, 11º F

domingo, 23 de janeiro de 2011

O Rapaz do Pijama às Riscas - outra leitura

"O Rapaz do Pijama às Riscas", de John Boyne, foi o livro que o projecto LEIA abordou no período passado, fazendo parte também da primeira fase do Concurso Nacional de Leitura que teve lugar em Dezembro.
A história contada, para além de comovente, revela uma perspectiva diferente da que estamos habituados a encontrar em livros que abordem a Alemanha no tempo de Hitler. O protagonista desta narrativa, Bruno, é um rapazinho normal que vive em Berlim com a família até ao dia em que o seu pai, soldado nazi, é promovido e enviado para Auschwitz. Fechado em casa com o pai, mãe e irmã, Bruno sente-se só e decide explorar a propriedade onde se encontra a sua nova casa. Nesta exploração, encontra Shmuel, um menino da sua idade, vestido de pijama às riscas, que se torna seu amigo. Divididos pela misteriosa vedação que separa os habitantes do campo da família de Bruno, a sua perigosa amizade alterará por completo as suas vidas.

A perspectiva infantil de Bruno confere à narrativa um toque de inocência que torna um tema tão complexo numa leitura agradável e fácil, apesar da seriedade e tristeza características do tema. Os trocadilhos existentes contribuem, assim, para a criação deste paradoxo, que existe ao longo da história, dividindo o leitor entre o cómico de situação e o trágico contexto em que as personagens se encontram. É um excelente livro para todas as idades.

A próxima reunião terá lugar dia 16 de Fevereiro, onde se discutirá o livro "O Leitor".



Teresa Garrocho

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

O Rapaz do Pijama às Riscas

Uma inocente história sobre uma época bastante dolorosa na vida dos homens, derramada sobre o leitor, através das palavras de uma criança de nove anos, leva-nos a reflectir sobre a relação humana e o desrespeito pela mesma.

Segundo as opiniões expostas pelos leitores na última reunião do clube LEIA, realizada no dia 5 de Janeiro de 2011, a opinião geral acerca do livro não foi a mais positiva. Maioritariamente, chegou-se à conclusão de que a história seria inverosímil, pois há acontecimentos que não são totalmente compatíveis com os factos históricos. No entanto, a minha opinião diferenciou-se um pouco da opinião geral.

A leitura deste livro e a sua consequente análise, levou-me a entender que a mensagem transmitida pelo escritor era outra – não falar directamente dos assuntos da guerra, das suas razões e origens e como esta se desenvolvia, mas sim daquilo que nem durante a guerra deixou de existir – os sentimentos que os humanos têm para partilhar uns com os outros e a igualdade humana. Uma espécie de apelo contra o fascismo.

Em O Rapaz do Pijama às Riscas, fala-se sobre um pai, general alemão que lutava contra os judeus e, no entanto, tinha uma família, dois filhos que amava e um chefe superior que, tal como todas as outras pessoas da mesma “espécie”, tinha o dever de respeitar – o “Fúria”. No desenvolvimento desta história encontramos várias diferenças entre os Judeus e os Nazis, mas, sem muitos mistérios e rodeios, na total inocência infantil perante a dura verdade, descobrimos que o filho do general, sublinho, Nazi morre tal e qual como morriam todas as pessoas que não eram dessa espécie. Agora pergunto, qual é mesmo a diferença? Será que esta morte tão igual não absorve todas as outras diferenças?

Aqui se expõe a crueldade humana, existente ainda hoje. Eu aconselho a ler o livro, pois acho que todos temos o dever de pensar no assunto e, de certa forma, tentar evitá-lo.

Ksenia Kvast -10º N

Encontro LEIA-MLM

No dia 5 de janeiro de 2011 alunas e professoras do projecto LE.I.A (MLM) encontraram-se na BECRE para partilhar as suas experiências de leitura da obra de John Boyle, O Rapaz do Pijama às Riscas.


Foi agradável verificar que as impressões de leitura nem sempre foram coincidentes, o que enriqueceu a discussão.

A sessão iniciou-se com a intervenção da aluna Márcia Vicente, que relatou os seus encontros com uma judia holandesa, ex-prisioneira de um campo de concentração nazi. Este depoimento interessou particularmente os presentes, tendo contribuído para a criação de um ambiente propício ao debate sobre o livro.



As professoras coordenadoras do projecto

Desassossego

 

26 de Novembro de 2010


O Desassossego – uma perpétua e ruidosamente silenciosa acção, emergida das ondas do corpo mútuo e flexível, como o mar. A agitação entre os gritos calados penetra na mente dos pássaros que os humanos sonham ser e quebram-se os desejos. Para sempre vive, então, o peso da noção pura e a prisão da mente e do desejo! Por mais que os filósofos digam que sim, que somos livres, pelo menos na nossa imaginação, não acredito que seja verdade. O orgasmo da inocência rebenta como o ventre de uma mãe e começa a ouvir-se o tilintar do peito. Os braços, fazendo de ramos de amendoeira, na sua ingénua brancura, caem sobre a ria que tenta infiltrar-se na maré, forçada pelo inexplicável desejo e o cheiro que claramente se sabe que não é nem de amêndoa, nem de maçã. O fôlego fecha-se nas masmorras e as veias formadas na areia começam a explodir, criando remoinhos. A tentação é maior que a impaciência. Por fim, o toque dos sinos é tão agudo que só queres arrancar as tuas fontes e murchar como uma flor, queimada pelo frio do dia, entre uma duna e outra.

O desassossego, como o teu beijo!

Quem me dera reencarnar Pessoa...

Ksenia Kvast- 10º N

Foi através deste texto que consegui expor as emoções inexplicáveis que me trouxe o Filme do Desassossego, de João Botelho, baseado na obra homónima de Fernando Pessoa, estreado no TEMPO a 25 de Novembro de 2010. E foi também através deste filme que ganhei um maior interesse, e posso admitir, até uma paixão ainda maior, por esta personagem tão plurifacetada da história da Literatura Portuguesa, que foi Fernando Pessoa.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Uma Paixão

Livros. Desde que me conheço que sempre adorei ler. Esta paixão está-me inculcada na alma, desde a minha existência. Tenho vagas memórias que remontam ao meu primeiro contacto com esta minha paixão. Recordo-me que, ainda eu não sabia ler, e já esmiuçava os livros existentes cá em casa. Então, dando asas à minha imaginação, perscrutava, atentamente, os desenhos e as palavras e imaginava histórias, diálogos, texto de narrador, descrições… Era assim que eu “lia” quando ainda nem capacidade para isso possuía. Lembro-me que almejava ingressar no ensino para adquirir essa capacidade e poder perder-me, de um sôfrego, nas palavras, cujo significado eu desejava descortinar. Aquelas palavras pareciam-me tão repletas de emoções… emoções que eu desejava que me trespassassem a alma e que, mais tarde, vim a viver, avidamente, como há muito tinha desejado fazer.

Tenho, também, uma ténue ideia de ouvir a minha mãe comentar com o meu pai que eu iria gostar de ler. E não se enganou. Desde o início da minha existência até hoje, não dei repouso a esta minha paixão. Nem faço tenções de dar.

Posto isto, é evidente que sou uma leitora ávida. Ler é uma das coisas que mais me deleita. Penso que ler é extremamente importante para a educação de alguém, pois é uma forma divertida de aprender as coisas (pelo menos para mim). Eu costumo embrenhar-me na história e colocar-me na pele dos personagens, o que se torna emocionante e me leva às lágrimas, inúmeras vezes. Confesso que já chorei em bastantes livros e, sinceramente, não me envergonho disso. Para mim, isso é um sinal de que o livro realmente mexeu comigo e que me embrenhei a 100% na história, compreendendo o sofrimento das personagens e sofro com elas.

Além disso, ler ajudou-me bastante no que toca à escrita. Não que me considere uma mestre na arte de escrever, mas sei que foi graças aos livros que adquiri um vocabulário mais rico, uma maior consciência dos erros gramaticais, da pontuação, da construção de frases e, essencialmente, dos erros ortográficos. Desde cedo, sempre foi muito raro cometer um erro ortográfico (algo de que me orgulho), tendo-me isso ajudado bastante na escrita e na escola. Sei que devo isso aos livros.

De facto, entristece-me muito quando vejo jovens a comentar que não gostam de ler, considerando a leitura “uma seca”. Na minha opinião, este pensamento está patente na mentalidade dos jovens porque, ou ainda não encontraram um livro que, realmente, lhes interessasse, ou não experimentaram e criticam, simplesmente, sem fundamentos que sustentem a sua opinião, ou assustam-se com o número de páginas de um livro.

Porque não dão uma oportunidade aos livros? Muitos ir-se-iam surpreender com o quanto pode ser divertido ler. Além do mais, é muito mais produtivo do que desperdiçarem o seu tempo livre à frente de consolas ou computadores. Se lessem, enriqueciam, não só o seu vocabulário e escrita, mas também a sua cultura.

Marlene Tinoco -11ºF