LEIA - Quem somos

O projecto LE.I.A. continua activo e aparece agora renovado: ao associar-se ao projecto LER+ do Plano Nacional de Leitura, ganhou a sigla M.L.M (Melhores Leitores do Mundo). Continua a ser um espaço de partilha de experiências de leitura, mas integra agora na sua estrutura um verdadeiro clube de alunos leitores.

Permanece, no entanto, sempre aberto às sugestões de leitura que nos queiram enviar. Por isso, se acabou de ler um livro e gostou, escreva alguma palavras sobre ele e envie o texto para
leia.esmtg@gmail.com. Nós temos o maior gosto em publicá-lo no blogue.
Sugira. Comente. Participe. O blogue é o seu espaço.

Ana Gonzaga

Rosário Cardoso







quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Palavras

Como gostaria de possuir uma capacidade que me permitisse transportar para vocês o quão saudoso o meu espírito se sente por isto: escrever. Uma caneta e um papel. Mais que o bastante para me sentir realizada.


Perdão por este completo desleixo. A preguiça e a inércia apoderaram-se do meu ser como nunca antes o haviam feito. E o receio também. Esse, por mais que tente, é inegável. Receio já não ser tão capaz como outrora fui. Perco-me em vocês, mas, ultimamente, e afirmo isto com desgosto, apenas em livros e não no íntimo do meu ser. Mas sim no íntimo do ser de outrem. Desculpem, não o mereciam, após os momentos que me proporcionaram. Não se repetirá. Cresci com vocês e morrerei com vocês. Irão acompanhar-me até aos confins da minha vida.

Esta minha paixão jamais terá um fim. A minha imaginação, essa, continua imensurável. Ou talvez não? Lá está! Este maldito receio que me confinou a alma e que, decorrido tanto tempo, teimou em desaparecer. Que tristeza e amargura que se abate sobre o meu ser por apenas o ter conseguido libertar agora. Tão simples! É isso que sinto neste preciso momento - liberdade. É isso e mais uma miríade de coisas que vocês me oferecem, demasiadas para haver sequer possibilidade de as enumerar.

O meu espírito, antes impregnado de receio, encontra-se, agora, impregnado de ânsia. Ânsia para vos dar a conhecer, novamente, os mais recônditos cantos do meu ser. Obrigado. Minhas mais íntimas e eternas amigas. Palavras.
 
Marlene Tinoco - 11º F

domingo, 28 de novembro de 2010

Pedro Páramo - Juan Rulfo

Quando descobrimos um grande livro, sentimo-lo logo nas primeiras frases, que não são frases, mas música para a alma. Há qualquer coisa que nos faz parar de pensar. A beleza das palavras, da história, das personagens. Tudo se conjuga numa harmonia perfeita e irrepreensível, que nos transporta para um sonho mágico de palavras. A vida real, exterior, pára, remetida à sua insignificância. O livro e o leitor têm-se um ao outro e isso basta. Foi isso que aconteceu quando li Pedro Páramo.

O narrador, Juan Preciado, parte em busca do seu pai - Pedro Páramo - depois da sua mãe morrer. Leva no corpo o desejo de lhe cobrar caro o esquecimento e abandono a que os votou. Toda a história acaba por se desenrolar em Comala, a terra das almas penadas, do inferno e da maldição, abandonada e perdida: «Aquilo está sobre as brasas da Terra, na própria boca do Inferno».
«Quem é Pedro Páramo?», pergunta quando se aproxima de Comala. «Um rancor vivo», respondem-lhe. Juan Preciado é recebido por Eduviges, uma velha que já o esperava, porque a sua mãe, Dolores Preciado, a tinha avisado. «Mas a minha mãe morreu», diz Juan. «Então era por isso que a sua voz estava tão fraca, como se tivesse de percorrer uma distância enorme para chegar até aqui», responde-lhe Eduviges. E é assim que prossegue a aventura numa terra onde não se sabe quem está vivo ou morto ou onde começa a realidade e acaba a imaginação. Há todo um rol de personagens enigmáticas que vão aparecendo ao longo da história. Todos têm algo a contar sobre Pedro Páramo, a erva daninha de Comala, que tudo destruiu e a quem todos estão, bem ou mal, ligados.
Bem ou mal ligados a Pedro Páramo também ficam os leitores: daí o meu fascínio e encanto por este belíssimo livro.
Pedro Páramo pertence ao que se costuma designar por 'realismo mágico' e, por isso, custa imaginar que a ideia para esta história cruel poderá ter partido de alguma situação real. Mas infelizmente parece que a vida de Juan Rulfo não foi nada fantástica.
Frequentemente citado por autores como Jorge Luís Borges, Alvaro Mutis, Carlos Fuentes, Júlio Cortázar e Octavio Paz, Pedro Páramo é uma das obras mais importantes da literatura universal. Autores de outros idiomas, como Günter Grass, Susan Sontag e Gao Xingjian, também fazem parte da lista de admiradores de Juan Rulfo.
Juan Rulfo (1918-1986) figura, apesar de brevidade da sua obra, entre os grandes renovadores do romance latino-americano do século XX. Publicou apenas duas obras de ficção: El llano en llamas (1953) e Pedro Páramo (1955). Este último arrecadou os Prémios Cervantes e Príncipe das Astúrias e consagrou Juan Rulfo como um dos maiores autores da literatura universal.
Já seria de esperar dizer que adorei o livro e fiquei encantada…todo o misto de amor e crueza, mistério e descoberta acabam por nos deixar apaixonados.
Quem sabe todos nós não tenhamos um “Pedro Páramo” na nossa vida…um sonho pela qual andamos perdidos e desejosos de encontrar.

Silvana Bernardes (ex-aluna da ESMTG)

sexta-feira, 30 de abril de 2010

John Green, Looking for Alaska

Miles Halter é um rapaz tímido e frágil que um dia decide sair da sua cidade e procurar uma aventura. Influenciado pela busca do “Great Perhaps”, que é uma razão de viver e uma maneira de alcançar a felicidade, Miles deixa para trás os seus pais e os seus “conhecidos”, não podendo chamar a nenhum deles seus amigos.


Entra numa escola, um colégio privado onde conhece as pessoas mais importantes que jamais irá conhecer. O seu colega de quarto, Chip, é o típico rapaz sulista com bons modos e não suporta pessoas ricas e gananciosas. Chip apresenta Miles a uma amiga sua de longa data, Alaska Young, e, como muitos outros, Miles apaixona-se por ela. Alaska é linda e divertida e tem um certo mistério apelativo, que atrai toda a gente.

Tipicamente adolescentes, andam sempre em grupo e gostam de quebrar algumas regras, desde que ninguém os apanhe, tais como fumar, beber dentro do recinto escolar e também são fãs de pregar algumas partidas a pessoas de quem não gostam muito. Após pregarem a partida que os deixará para a história da escola, uma das coisas mais estranhas acontece e surpreende todos, deixando-os intrigados. No momento em que Miles consegue o seu “Great Perhaps” e a razão da sua felicidade, isso mesmo é-lhe tirado. Ele encontra a sua razão de viver, Alaska é a sua paixão e ela é-lhe tirada pelo destino. A história é narrada sob a forma de contagem decrescente, focando-se num acontecimento que muda a vida de todos os que conheciam Alaska Young.

Cristiana Ramos

domingo, 18 de abril de 2010

Jon Krakauer, O Lado Selvagem

Não quero saber que horas é que são. Não quero saber em que dia é que estamos ou onde estou. Nada disto interessa.

O Lado Selvagem é um livro fascinante baseado na história verídica de Chris McCandless, um jovem recentemente graduado da Universidade que, à busca de aventura e de verdade, decide deixar a sua vida organizada e conformada para partir para uma road-trip. Destino? A Natureza selvagem!
Assim, Chris doa a maior parte das suas poupanças à organização de solidariedade OXFAM America, destrói os seus documentos de identificação, atribui-se o nome de Alex Supertramp e, no seu velho Datsun inicia a viajem pela natureza da América do Norte, tendo como fim último o Alaska, do qual nunca sairá vivo.
Desta maneira, ao afastar-se da sociedade materialista e superficial em que vivemos, Chris McCandless tentou provar que o Homem consegue viver sozinho na Natureza sem precisar de carros, casas ou telemóveis topo de gama. É interessante perceber quais é que são as razões que levam alguém a abandonar a sociedade para viver em pura natureza e «acompanhar», efectivamente, a sua viajem.
No entanto, constatamos que Chris não cortou todos os laços com o mundo exterior, uma vez que estabelece vários contactos ao longo da sua viajem, fazendo amizades com outros “marginais”. No fim, quando está “preso” no Alaska, chega mesmo à conclusão de que “a felicidade só é real quando é partilhada” o que nos faz questionar se o Ser Humano, ao viver afastado da sociedade, se consegue realmente concretizar.
O Lado Selvagem não me surpreendeu devido ao uso de recursos retóricos extraordinários. O que torna este livro especial é a maneira como explora assuntos como a relação do Homem com a Natureza, a Sociedade e consigo mesmo, levantando questões tais como:" Por que é que nos contentamos em viver numa sociedade que, além de hipócrita e injusta, restringe as nossas liberdades? Qual é que é o propósito da nossa existência? Qual é o verdadeiro significado da vida?".
Encontramos resposta a tais questões? Não, e provavelmente nunca conseguiremos fazê-lo. Mas conseguimos perceber quais é que são os valores que nos tornam humanos e que o melhor na vida não é viver necessariamente na natureza pura ou na gaiola da sociedade. Entre o preto e o branco existe a cor cinzenta. Para obtê-la, cabe-nos a nós misturar convenientemente as duas cores.
Nota – Lado Selvagem foi, em 2007, adaptado ao cinema. O filme foi muito bem conseguido e mantém-se, na sua maior parte, fiel ao livro. Aconselho ler o livro e, em seguida, ver o filme.

Laila Franke


segunda-feira, 29 de março de 2010

Luís Sepúlveda, A Lâmpada de Aladino



“A Lâmpada de Aladino” …olhei para a capa, um comboio a vapor no deserto… pareceu-me bastante sugestiva, interessante, mágica e…misteriosa!

Não hesitei e comprei o livro, já há algum tempo que queria ler qualquer coisa de Luís Sepúlveda, escritor, realizador, jornalista e activista de nacionalidade Chilena.

“A Lâmpada de Aladino” é um pequeníssimo livro que nos prende e transporta no tempo, permite-nos mergulhar em toda a história e com ela viajar pelos recantos do globo.

A Alexandria de Kavafis, o Carnaval em Ipanema, uma cidade de Hamburgo fria e chuvosa, a Patagónia, Santiago do Chile nos anos sessenta, a recôndita fronteira do Perú, Colômbia e Brasil, são alguns dos exóticos cenários deste livro. Nas suas histórias, cada uma delas um romance em miniatura, Luís Sepúlveda dá vida a personagens inesquecíveis, prendendo o leitor da primeira à última página.

“Enquanto os nomearmos e contarmos as suas histórias, os nossos mortos nunca morrem”, diz a certa altura uma personagem. Foi precisamente para resgatar do esquecimento momentos, lugares e existências irrepetíveis que Luís Sepúlveda escreveu “A Lâmpada de Aladino”, uma “lâmpada” de onde surgem, como por arte de magia, treze contos magistrais.

Sem descanso, este viajante de palavras percorre caminhos sinuosos no território da imaginação. O seu sentido de "contar" - conciso e eficaz - o gosto pelas imagens e o grande dom da evocação permitem-lhe estilizar, com simplicidade, as coisas, os seres e os acontecimentos mais complexos.

Ao longo das histórias que compõem este livro reencontramo-nos com esse território de sentimentos que fizeram do autor um dos nomes mais apreciados da literatura da América Latina.

Ao lermos este livro, nasce um enorme prazer e maravilha perante tanta magia, um belíssimo livro que nos enche de encanto…quase nos arriscamos a pedir um desejo!



Silvana Bernardes

quinta-feira, 11 de março de 2010

O que sabemos nós sobre Teixeira Gomes?

A propósito das comemorações dos 150 anos do nascimento de Manuel Teixeira Gomes e da leitura da narrativa “Uma Novela Imperfeita”, integrada na obra “Londres Maravilhosa”, no dia 24 de Fevereiro o LEIA recebeu a visita da professora Graça Ventura, que dinamizou uma sessão sobre a vida e obra do nosso patrono e a quem muito agradecemos.




Professora Ana Gonzaga



O que sabemos nós sobre Manuel Teixeira Gomes?
Basicamente, nada! Através das suas fotografias que nos chegam, o que se pode observar é um homem sério e sisudo. De barba branca e rosto rígido seria certamente, pela sua pose, um homem culto e importante negociante. Mas foi muito mais do que isso! Através de uma pequena sessão com a professora Graça Ventura fiquei a conhecer esta ilustre personagem, não só da história de Portimão como também de Portugal.

Ao que consta, Teixeira Gomes exerceu altos cargos, foi por exemplo representante de Portugal em Londres e o 7º Presidente da República. Mas o que mais me espantou (no bom sentido) foi o facto de este ter sido um mulherengo, um boémio literário e um amante das artes e culturas estrangeiras. Achei fascinante o facto de faltar às aulas na Universidade de Medicina para ir ler (curiosamente junto ao Tejo) ou de se aproveitar das viagens de negócios para se instruir culturalmente.

Ainda só li um pequeno texto escrito por este excêntrico escritor: a "Novela Imperfeita", mas gostei imenso do erotismo da sua escrita, apesar de, segundo a professora Graça Ventura, esta novela não ser das mais eróticas de toda a obra deste autor.

Sara Veríssimo

As Visitas do LEIA

Associando-se à semana do Livro e da Leitura (de 1 a 8 de Março), o LEIA visitou salas de aula, fazendo ... leituras.
Algumas alunas leitoras partilham a sua experiência:



Porque a literatura é uma paixão e a leitura um vício…


…foi com muito prazer que me ofereci para ler um poema de António Gedeão durante a semana da leitura, representando o projecto LEIA. Tendo-me apresentado a diversas turmas com uma colega e amiga minha, Márcia Vicente, que também leu um poema à sua escolha, espalhei um pouco o espírito que se pretendia, acabando por divulgar o projecto no qual estou inserida. Juntando o útil ao agradável, pois faço parte do grupo de teatro, acabei por conceder um jeito teatral ao poema que li, o que penso que agradou aos alunos que aplaudiram a minha leitura.

Para finalizar devo agradecer à professora Ana Gonzaga por me ter proporcionado esta oportunidade, que me permite compartilhar com os outros a febre da leitura.

Ana Félix



Leitura nas Salas de Aula

Por mais que o coração batesse e as mãos tremessem, pela ansiedade, o medo da rejeição e do gozo, a vontade de ler e de partilhar todas aquelas palavras com os meus colegas era imensa.

Toda esta vontade de partilhar a paixão da Leitura com os outros levou-me a querer ler-lhes um, passar-lhes a mensagem de que ler é algo agradável!

Queria transmitir-lhes o que sinto quando leio, queria que eles sentissem o mesmo e se deslumbrassem na imensidão das palavras!

Foi uma experiência enriquecedora, fez-me querer partilhar mais e mais este gosto pela Leitura, querer passar este “bichinho” para todos e vê-los “enfeitiçados” por esta maravilhosa Arte.



A semana da leitura proporcionou a mim e à minha colega uma oportunidade bastante interessante de conciliar a veia teatral com a leitura de um texto à nossa escolha, neste caso, a de dois poemas, um de Miguel Torga, lido por mim, e outro de António Gedeão pela Ana Félix. Devo dizer que os alunos das turmas às quais fomos se demonstraram de certa forma interessados e respeitaram o nosso trabalho, enquanto membros do projecto LEIA.

Espero vir a ter outra experiência, tal como esta.

Márcia Vicente

Semana do Livro e da Leitura:

foi uma experiência alucinante! Gostei e quero repetir!

Sara Veríssimo

terça-feira, 9 de março de 2010

Lisbon Revisited por Joana Albino (continuação)


Entrámos no autocarro. Passei por todas aquelas ruas que me encantam na cidade de Lisboa… Campo Grande, vislumbrámos o estádio de Alvalade e aí, claro, toda a gente começou a perguntar quem estava com vontade de ir à casa de banho… Entendam-me como quiserem.

Em direcção ao Lumiar, tentámos encontrar o Museu Nacional do Teatro, que é mesmo nas traseiras do Museu Nacional do Traje. Situados no Palácio Monteiro-Mor, um edifício com fachada do século XVIII, que foi restaurado e adaptado especificamente para este efeito. Actualmente, a colecção do museu, que começou a ser constituída em 1979, já apresenta perto de 250.000 peças. Estas incluem trajes e adereços de cena, cenários, figurinos, cartazes, programas, discos e partituras e cerca de 120.000 fotografias. Existe também uma biblioteca especializada com 35.000 volumes.

Não me consigo alongar nem desenvolver esta visita pela sua complexidade. Posso apenas dizer que tivemos uma guia bastante dinâmica que nos guiou pelos espaços do Museu.

Através dessa visita ficámos a conhecer melhor a história do teatro português e tivemos oportunidade de ver vestidos e figurinos magnificamente concebidos. Falando por mim, foi uma visita que enriqueceu os meus conhecimentos acerca da área da representação, uma área que me interessa bastante.

Saídos do Museu Nacional do Teatro, dirigimo-nos para a baixa lisboeta, que me encanta desde sempre, pelas ruas, pelas pessoas, pelas janelas, pela música que soa no ar… Para os mais pequeninos do grupo – sim porque eu já sou veterana nestas coisas d’”Os Maias” – passámos por locais da baixa descritos na obra.

Concluído o plano da visita, tivemos ainda tempo para dar uma espreitadela à FNAC. O meu objectivo, agora já com dinheiro na conta - graças às modernices do multibanco e à boa vontade do meu pai – era comprar um livro. Do que me fui eu lembrar… Devo ter estado cerca de meia hora a olhar para a mesma estante, na secção de “Literatura Lusófona”. Prefiro conhecer primeiro os artistas e as suas obras na minha língua… São mais desafiantes. Tive na mão livros de José Luís Peixoto, David Mourão Ferreira… E depois desse tempo todo, de já estar a transpirar por causa do calor exagerado que estava naquele sítio… Não consegui fugir ao meu destino. Acabei por levar o meu terceiro livro de Vergílio Ferreira, “Alegria Breve”.

Já de regresso e com a alma cheia de pena, lá fomos, eu e a Márcia de braço dado em direcção ao autocarro. A minha vontade era ficar em Lisboa, claro. Nem vou tecer mais comentários sobre essa cidade porque já farta, mas a culpa é mesmo do entusiasmo…

Sentia-se um cansaço geral no ar. Andámos bastante. E eu já tinha bastante fome de novo. Lá partilhámos umas bolachas uns com os outros e lá fomos enganando o estômago.

Depois, como em todos os regressos de autocarro, de música nos ouvidos, começa a festa. Eu e a Silvana (que foi ao meu lado) começámos a cantar, mas muito alto... A Laila, coitada, que me emprestou o iPod, queria dormir e duvido que tenha conseguido, fora os outros, que nem me apercebi. Eu e a Silvana estávamos demasiadamente entretidas para nos deixarmos de cantorias.

Entre música, risos, o Sporting - Benfica da Rádio Renascença – claro está, sintonizado pelo Senhor Condutor – e os roncos do meu estômago devido à fome desumana de que eu padecia, foi uma viagem de regresso bastante animada, mas sempre com a vontade de voltar à capital a qualquer momento bem presente nas nossas cabecinhas...

 
Joana Albino

segunda-feira, 8 de março de 2010

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Lisbon Revisited por Joana Albino (continuação)

Capítulo II - O AEROPORTO DOS LIVROS
Se eu fosse esse senhor, até me dava por contente pelo facto de eu não me ter posto a cantar e de nem sequer quase ter falado até à Ponte 25 de Abril, porque sou sem dúvida das pessoas mais barulhentas que conheço… Mas sim, passada a ponte, acabou. Aquela vista do Padrão dos Descobrimentos, das casas, dos castelos e daquela imensidão de Tejo dá-me um arrepio pelo corpo todo. Entrámos em Lisboa, passámos os semáforos e as filas todas e eu começo instantaneamente a sentir a electricidade cerebral a funcionar, especialmente quando pela primeira vez passo pela Cidade Universitária e vejo aqueles monstros que são os edifícios das faculdades. Tenho uma sensação parecida ao déjà-vu, mas ao contrário: tantas vezes pensei e repensei na minha futura vida académica!

E o senhor condutor do autocarro, semelhante a muitos outros cultos condutores de autocarros que – ponho as mão no fogo! – devem saber o caminho para todos os estádios de futebol e para todas as tabernas mais conhecidas da capital, não sabia lá muito bem onde era a Biblioteca Nacional e olhou para os edifícios da Universidade e formulou uma pergunta que, na sua cabeça, deveria ser “Qual destes mamarrachos é a Biblioteca?”, mas que, com grande esforço, saiu um “Qual é a Biblioteca?”. A professora Ana, alfacinha, usa o termo que só me lembro ter sido usado na capital, o termo descer. “Não, não é aqui. Tem de descer ali ao Campo Grande e é mais à frente…” Que ultraje Senhor Condutor!

Chegámos à Biblioteca. Saímos do autocarro e eu respirei muito fundo, muitas vezes, porque cheirava bem, cheirava a Lisboa. Depois de ter reparado nas dimensões e na arquitectura estonteante daquele edifício, tive dois pensamentos em simultâneo: preciso de ir à casa de banho e esta biblioteca parece um aeroporto. E realmente, pelo menos em termos de segurança, só faltavam lá os cães, porque para aceder à Biblioteca Nacional é fundamental colocar malas em cacifos que ruminam moedas de um euro. Ruminam porque a comem e depois a devolvem e, se quisermos utilizá-los de novo, temos de colocar lá de novo a moeda.

Depois de irmos à casa de banho e de a guia nos ter quase ido lá buscar ao colo, iniciámos o nosso dia cultural a ver uma exposição sobre Luiz Pacheco, nome que na minha cabeça passou a existir três horas antes, quando a professora anunciou o que iríamos ver... Sim, porque me esqueci de mencionar que a professora Ana, com uma certa bravura, se deu ao trabalho de, às sete da manhã (o período dormente) entregar, uma folha com a sua biografia e com excertos de textos seus (que já depois da exposição vim a ler e realmente gostei muito)!

Luiz Pacheco, que entretanto reconheci pelas fotos, nasceu em 1925 em Lisboa, e foi sempre, segundo o senhor rechonchudo e de óculos exageradamente redondos que nos guiou e a minha excelente percepção, uma personalidade bastante irreverente, o que à partida me cativou logo imenso. Segundo a sua biografia, Pacheco era detentor de um enorme sentido crítico, tinha uma personalidade desconcertante, paradoxal e era “impertinentemente cínico, honesto, paradoxal e desconcertante”.

Seguindo a sua própria filosofia de vida, viveu-a sempre à margem de uma sociedade e de um regime opressor, expressando sempre os seus pontos de vista acerca das suas ideias políticas e sociais, sendo considerado um libertino... Sem nunca dispensar o seu vinho e a sua cerveja, também não se preocupa em esconder a preferência que tinha por raparigas mais novas consegue engravidar três adolescentes e, com tudo somado, ter oito filhos.

A sua vida profissional também nunca foi monótona porque este não o permitia. Começou por trabalhar a escrever para jornais como: O Globo, Afinidades, O Volante, Diário Ilustrado e em 1946 trabalhou como agente fiscal da Inspecção Geral dos Espectáculos, acabando por se fartar das suas funções e se demitir. Através da sua editora, fundada em 1950,a “Contraponto”, Luiz Pacheco torna-se célebre por ter publicado autores como Natália Correia, Vergílio Ferreira, Raul Leal e Herberto Hélder.

Luiz Pacheco morre em 2008, de doença súbita, deixando para trás histórias de uma vida conturbada mas, segundo o que apreendi, sempre vivida de acordo com os seus ideais, as suas escolhas, apesar de ter passado por imensas dificuldades económicas e de ter muitas vezes sobrevivido graças à caridade dos que o rodeavam.

Saí da sala da exposição com vontade de ler alguma coisa deste senhor. A ideia com que fiquei, a de um homem com uma personalidade forte, fiel a si próprio, malandro, directo e rebelde chamou-me mesmo à atenção…

Já sob a orientação de outra guia, bastante comunicativa e dinâmica, fomos esclarecidos acerca dos requisitos para se utilizar as instalações da Biblioteca Nacional, que a médio prazo não me agradam, visto que são necessários 18 anos para consulta de livros e outros documentos... E ao contrário do que acontece em bibliotecas municipais, a Biblioteca Nacional não permite aos seus utilizadores a requisição de livros e nem a consulta despropositada e injustificada de exemplares mais valiosos que são sujeitos a grandes processos de conservação e a delicado manuseamento.

Não muito longe e, avistámos a livraria da Biblioteca Nacional, a Babel. E lá dentro, deparámo-nos com um dos livros, se não o livro mais caro do mundo lá exposto. Um de limitados noventa e nove exemplares. Capa de tecido vermelho e mármore, que pelo que percebi escondia desenhos de Miguel Ângelo… Claro que a nossa vontade era desrespeitar as fitas que nos impediam de tocá-lo e abri-lo e folheá-lo imediatamente. Mas lá nos contivemos. O Rúben ficou encantado com uma edição clone do original de “A Mensagem” que custava quarenta e quatro euros… E eu contentei-me em trazer um lápis oferecido de recordação.

Posto isto, subimos umas escadas e agora a Biblioteca já não parecia um aeroporto. Parecia um hospital. Um corredor sóbrio, claro e comprido levou-nos até a uma sala que nos surpreendeu e espantou a todos. Uma sala de consulta específica para invisuais. Tivemos a oportunidade de conversar com uma funcionária invisual, a Dr.ª Hermínia, que nos explicou o seu trabalho, que é desenvolvido graças a aplicações informáticas adaptadas às limitações causadas pela cegueira. Soubemos também que, numa louvável acção, a Biblioteca Nacional disponibiliza audiolivros e livros em Braille para invisuais, o que lhes permite desfrutar também, nem que de outra forma, do prazer das palavras. Este contacto com esta funcionária foi sem dúvida um dos momentos altos do nosso dia.

Despedidas feitas, continuámos a visita. A guia simpática revelou o número de livros que existem naquele edifício. São, segundo ela, aproximadamente três milhões de livros, ou seja, contas feitas, uma quantidade interminável de letras velhas e novas dentro daquelas muitas paredes e chão e andares.

Descemos novamente as escadas e dirigimo-nos ao fundo geral, uma sala de leitura que alberga calhamaços mais banais e de livre consulta. Sustive a respiração e quando passámos as portas automáticas - que mais pareciam as portas de um supermercado pela quantidade de vezes que abriam e fechavam - respirei fundo e, com o ar, respirei concentração e um incenso de cultura qualquer que por ali pairava. Aquela sala de leitura é um sítio onde vemos, ou onde eu magiquei logo ter visto futuros escritores e futuros best-sellers, munidos de lupas, cadernos e lápis a investigar séculos de história comprimidos em livros e jornais de grandes dimensões, amarelados de capas grossas e vivas. E claro, que com isso tudo, me imaginei ali perdida no tempo daqui a uns anos a ter permissão para consultar exemplares daquele calibre. E vi também pessoas já com uma certa idade – certamente reformados - que, em vez de passarem as manhãs a ver os programas triviais da televisão portuguesa, preferem dedicar-se a investir em conhecimento e passam as suas horas de tempo livre a consultar documentos antigos, quiçá a relembrar velhas notícias do seu tempo.

Andando, demos com a reprografia que actualmente está equipada com máquinas fotocopiadoras meio despidas, sem a habitual tampa, utilizada para não danificar os livros. Ficámos cientes da necessidade e da preocupação com a preservação do espólio para as gerações vindouras.

Mais à frente, vi – e fiquei tão contente por ter visto – aqueles projectores que parecem jogos de vídeo, onde através do filme de documentos de grande valor, podem consultar-se artigos de jornal e outros documentos para que não seja necessário o seu manuseamento.

Terminada a visita, são horas de almoçar. Outra coisa que mês fascinou: funcionários e utilizadores da Biblioteca Nacional nem precisam de sair do edifício para se alimentar: têm a opção de comer num bar ou numa espécie de refeitório, ambos cheios de classe... Como me esqueci de pedir a minha mãe o crédito para comer, acabei por sobreviver à fome graças à minha amiga neozelandesa que me providenciou uma sandes de panado, bastante boa por sinal. Os outros, incluindo as professoras, acabaram por desfrutar de um delicioso manjar, que variava entre bacalhau à Braz e lasanha vegetariana, bem bons! Depois de estarmos de barriga cheia e de termos bebido o cafezinho, saímos do edifício da Biblioteca Nacional e tivemos tempo para conviver e partilhar ideias acerca do que acabáramos de ver. (continua)

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Danças Malditas

Esta colectânea de contos sobrenaturais chega-nos às mãos através da Bertrand, que aposta mais uma vez em surpreender os seus leitores. Cinco autoras polémicas, como Stephenie Meyer e Meg Cabot, relatam a sua versão do famoso baile de finalistas, o eterno tormento de qualquer rapariga, onde quer o amor quer o terror parecem estar à espreita. Tudo está preparado para receber de braços abertos a dança maldita que transformará a vida destas adolescentes, e nos dará um novo olhar sobre os bailes de finalistas. De escrita leve e juvenil, a uma seriedade desconcertante, as cinco escritoras dão vida às suas personagens de tal forma que desejaríamos que a narrativa nunca terminasse, e que a história destas jovens heroínas se prolongasse para além das curtas páginas que duram os contos. Aventure-se nesta dança.

Teresa Garrocho

O Festim dos Corvos

George R. R. Martin prossegue com a mais audaciosa saga desde Tolkien no sétimo volume das "Crónicas de Gelo e Fogo" - "O Festim dos Corvos". A Locus afirma que esta obra "reúne o que de melhor o género tem para oferecer: magia, mistério, intriga, romance e aventura" e nós confirmamos. Após o triunfo dos traidores a desfeita Casa Lannister prossegue com o jovem Rei Tommen e Cersei, a Regente no poder em Porto Real, numa luta para consolidar o poder e reestabelecer a ordem num Reino desfeito pela pobreza e ganância. Os Greyjoy lutam entre si para decidir quem ocupará o trono no Norte, e os jovens Stark, dispersos pela terra, tentam a sua sorte no Jogo dos Tronos. Rumores sobre dragões assolam Westeros, contudo os proclamados Reis ignoram o avanço de Daenerys e das suas crias. Em múltiplas narrativas a vida nos Reinos desenrola-se sobre o nosso olhar, e a intriga adensa-se, não deixando qualquer espaço para dúvidas - George Martin é o mestre da fantasia moderna, e um autor brilhante.

A Sacerdotisa dos Penhascos


A mais recente obra de Sandra Carvalho é definitivamente uma confirmação do seu talento. "A Sacerdotisa dos Penhascos" é uma prova de que a literatura fantástica portuguesa continua a evoluir e a ganhar cada vez mais qualidade. Com descrições fantásticas e uma narrativa impecável, a "Saga das Pedras Mágicas" continua e uma nova geração desponta para completar o destino herdado. Halvard e Kelda são os filhos dos Guardiões das Lágrimas do Sol e da Lua, e deles herdaram as habilidades mágicas que lhes pulsam no sangue. Mas enquanto Kelda se revela inábil e pacífica, Halvard revela um enorme talento para a magia obscura, e um temperamento irascível. Raptado por Sigarr, Mestre da Arte Obscura, é levado para concluir a profecia a que o seu pai se escapara. Kelda é entregue à Ilha do Penhasco para aprender a despertar a sua magia, porém tudo se descontrola e o Destino conspira contra si, despertando o ódio em quem a amava. Rodeada de inimigos e sobre o jugo da profecia, conseguirá Kelda salvar-se e ao irmão do abismo? Um livro arrebatador de uma autora incontornável do fantástico português.
Teresa Garrocho

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Lisbon Revisited por Joana Albino



Capítulo I - O ACORDAR
O meu despertador toca e a televisão acende sozinha (não, não é magia, a televisão é programável). São seis da manhã… E, por na noite anterior ter ficado até às tantas a ver a entrega de prémios da Sociedade Portuguesa de Autores e um espantoso e estranho discurso de Júlio Pomar, abro os olhos, dou a habitual e hesitante volta de 180º na cama. Espero dois minutos (a preparação psicológica necessária para me levantar a uma hora destas) e arrasto-me até à casa de banho, ainda em pleno estado de dormência. Olhei-me ao espelho e não vi nada porque o sono não deixava os olhos abrir. Desvio o olhar para a janela à esquerda e vejo que ainda é de noite. (quando estou acordada a estas horas, geralmente é porque estou a chegar a casa, nunca porque estou de saída…) Lavo a cara, os dentes e essas coisas todas que todos fazem de manhã mas, sinceramente, mais com o intuito de despertar das incompletas cinco horas de sono que de outra coisa.

Grito lá para cima “Mãe, acorda.” De resposta, chegou-me um murmúrio ensonado de uma mãe ensonada. Enquanto na minha cabeça surgia personificado como um elefante o esforço da minha mãe para se levantar e enfrentar o frio das seis e meia da manhã, patino até à cozinha e abro um dos frigoríficos e, sem demora, atiro para dentro da minha mala – que por vezes parece um saco de entulho – quatro iogurtes, uma banana e uma água do Luso para ilusoriamente me precaver. Isto tudo para não ter de ir cortar pão, barrar a manteiga, estender o queijo, fechar a sandes e ainda ter de me dirigir a despensa, que fica a 1 metro do balcão da cozinha, para ir buscar prata para a embrulhar.

Posto isto, começo a entrar em estado de impaciência declarada – na minha cabeça já só aparecia a imagem de Lisboa vista da Ponte 25 de Abril – e começo a pressionar a minha mãe, “Despacha-te!”, o que a conseguiu irritar solenemente. Dez minutos depois, estava eu e ela no carro em direcção à escola. E ainda é de noite e está muito frio. E eu vou a ouvir músicas dos anos 80 na rádio e a cantar e a minha mãe não vai a ouvir nada porque está demasiado determinada em fazer-me começar o dia a ouvi-la com as “Crónicas do Levantar da Mesa”. Passo a explicar: “Crónicas do Levantar da Mesa” é uma saga, ou melhor, um programa quase diário que só se apanha com frequência sintonizada na minha vizinhança. Podia ser um programa televisivo ou radiofónico, em que a única coisa que se apreende são reclamações acerca do que a filha – eu – não ajudou a fazer, e que, pelo meio, contém sentenças de várias origens, com a devida justificação. A de hoje revelou-se um mero “Devias ter ido a pé, para não seres mal agradecida”. Mas estes episódios não ocorrem senão quando a minha mãe é submetida a pressão psicológica, geralmente da minha parte. Mas eu sou uma muito boa filha, como podem confirmar. Cheguei à porta da escola e até me esqueci de lhe pedir dinheiro!

Bom dia a todos, e queixo-me do frio e do sono e do facto de ainda ser de noite e da minha mãe ter a pujança e coragem de às seis e meia da manhã me lembrar que nem sequer a ajudei a levantar a mesa ontem. E estamos todos, e o autocarro azul-marinho da Câmara também, já com o motorista lá dentro. Imagino que este também se tenha levantado bastante contrariado por, às sete da manhã, ter de conduzir uma dúzia de moços pequenos barulhentos a Lisboa.
Se eu fosse esse senhor, até me dava por contente pelo facto de eu não me ter posto a cantar e de nem sequer quase ter falado até à Ponte 25 de Abril, porque sou sem dúvida das pessoas mais barulhentas que conheço… Mas sim, passada a ponte, acabou. Aquela vista do Padrão dos Descobrimentos, das casas, dos castelos e daquela imensidão de Tejo dá-me um arrepio pelo corpo todo. (continua...)

Joana Albino, 12º D

Sandro Junqueira visitou o LEIA

Foi com imenso gosto que o nosso grupo, pertencente ao projecto de leitura LEIA, recebeu na biblioteca da nossa escola o escritor, poeta, actor e encenador Sandro William Junqueira, que a convite da Professora Ana Gonzaga, coordenadora do projecto em causa, aceitou comparecer na escola dos seus tempos de juventude, no passado dia 3 de Fevereiro.


Gostaria de partilhar a minha opinião sobre a sessão que presenciámos, dizendo apenas que soube a pouco. Este jovem, de 35 anos, proporcionou-nos um momento de partilha de vivências enquanto estudante, escritor e actor. Ensinou-nos um pouco da sua arte, aconselhou-nos, pronto a ouvir as nossas dúvidas de adolescentes com sede de leitura e de novas experiências. Com ele também testemunhámos o que é representar, ao declamar um pouco da sua poesia e a de outro grande poeta, Herberto Hélder, com sentimento e entrega.

Dá gosto apercebermo-nos de como há pessoas que amam a sua profissão, como Sandro Junqueira. Por isso há que dizer: continuação de um bom trabalho e até uma próxima!

Ana Félix, 12º D

Comentários de outros alunos:

«Obrigada ao Sandro por frases como "Escrever é ter liberdade absoluta. Escrever é libertar os "fantasmas" que estão na minha mente. Escrever é desligar-se do mundo para entrar noutro". Admiro a sua coragem de ter substituído uma vida segura e confortável pelo mundo incerto, mas libertador, da escrita e do teatro.»

Laila, 12º E

“A Poesia do Sandro transportou-me para outra dimensão: a maneira como ele declama poesia, com voz firme e enérgica, olhos nos olhos, expressa-nos por palavras o mais belo e mágico que a poesia pode ter. Nasce uma paixão que nós não sabíamos que pudesse existir…

A poesia domina-nos a alma!”

Silvana, 12º E



“A sessão de poesia com o Sandro foi bastante engraçada.

Foi um encontro num ambiente mais acolhedor, intimista e pessoal, com poucas pessoas, onde ficámos a conhecer melhor a vida do escritor e como surgiu a sua paixão pela escrita.

É um rapaz bastante simpático que até nos dispensou algum do seu tempo para nos recitar um poema ou dois, o que fez com tanta emoção que até nos esquecemos que estávamos ali naquele momento. Enquanto ele lia o poema parece que o estávamos a viver também, e nesse momento surgiram sorrisos nos rostos como se aquela tivesse sido a melhor coisa que tivéssemos ouvido.

Esta foi a segunda vez que vimos o Sandro “em acção” e posso dizer que, se tiver outra oportunidade de o ver, não pensarei duas vezes.”

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

João Tordo, Hotel Memória


Quantos de nós não têm familiares ausentes, a viver noutro país ou até mesmo noutra cidade.
Quantos de nós já não nos imaginámos nessa mesma situação?

Projectamo-nos para um futuro, não muito longínquo, vemo-nos noutra cidade, noutro país, a falar outra língua e a contemplar outra cultura…

Este livro fala-nos exactamente dum caso desses. O narrador deste romance é um estudante que, ao chegar a Nova Iorque para uma pós-graduação, conhece na Universidade uma rapariga bastante enigmática chamada Kim, pela qual nutre uma avassaladora paixão. Por entre ruas de Nova Iorque, aulas da Universidade, novos convívios, leituras de rotina, este acaba por se aproximar de Kim, embora não chegue nunca a decifrar inteiramente os mistérios que envolvem esta rapariga.

De um momento para o outro, este é surpreendido com a trágica morte de Kim, algo inesperado que o vai encher de culpa e acaba por lançá-lo para uma declinante desgraça e miséria, que o transformará num autêntico vagabundo. É então que, sem dinheiro, sem bens e sem vontade de viver, o protagonista chega ao Hotel Memória, um estranho lugar na Baixa de Manhattan que parece destinado a albergar criaturas perdidas; e é também aí que conhece Samuel, um excêntrico milionário que o desafia a procurar um fadista português desaparecido, Daniel da Silva, emigrado para os Estados Unidos na década de sessenta. A pouco e pouco, deparando-se com o inesperado a cada esquina, o narrador vai-se embrenhando nesse enigma por resolver, e a busca por Daniel da Silva transforma-se na busca do seu próprio eu, da sua identidade perdida e do seu passado. Tendo Nova Iorque como pano de fundo, dos anos sessenta até ao presente, e criando a figura inesquecível de Daniel da Silva, o fadista que conquista Manhattan com o seu talento, viajamos também um pouco pelo mundo do fado.

Hotel Memória é, ao mesmo tempo, um romance de mistério, um policial e uma aventura.

É assim que João Tordo, um jovem escritor de 35 anos, Licenciado em Filosofia na Universidade Nova de Lisboa, que venceu o Prémio José Saramago 2009 com o romance "As Três Vidas", nos deixa assombrados com este belíssimo livro, ao mesmo tempo intrigante e comovente, que lida com os fantasmas da memória, da culpa e da redenção. Aconselho vivamente, é um daqueles livros que devemos ter na nossa estante e partilhar com amigos e familiares.

domingo, 17 de janeiro de 2010

Woody Allen - Pura Anarquia

Em Pura Anarquia, Woody Allen apresenta um conjunto de 18 histórias, todas muito distintas mas com um objectivo em mente: a anarquia literária, ou seja, todas as realidades e personalidades que as povoam são plausíveis. Geralmente retratam cenas do quotidiano moldadas à imaginação de Allen o que vai criar uma sociedade um pouco exagerada.


Esta sociedade é caracterizada como sendo uma sociedade fútil, “vazia”, no sentido de só se preocupar com coisas inúteis, chegando alguém ao ponto de pagar 12 milhões de dólares por uma trufa.

A maioria destas histórias desenvolve-se em torno de dinheiro, dando especial atenção a milionários e a actores famosos. Também aqui são incluídas as ambições das pessoas que não são “ninguém” mas a quem, por uma certa quantia em notas, é dado o passaporte de ouro para este mundo de mentiras.

Mas o livro não se resume só a isto, também tem a sua parte da imaginação fantástica – com histórias um pouco estranhas e um tanto ou quanto macabras: de roupa com sabor e cheiro a comida a um mundo dividido em dois, em que os mais ricos flutuam por cima dos mais pobres, ou seja, os deuses no céu e os mortais na terra.

Resumindo, são histórias surreais e, no entanto, poderiam mesmo ser histórias verdadeiras. Pode-se observar, também, uma liberdade quanto à escrita, visto que não obedece aos critérios considerados normais. O narrador preocupa-se só em exprimir uma consciência inconsciente, ou o que o instinto lhe dita.

Achei o livro uma leitura divertida capaz de proporcionar umas boas gargalhadas e é um óptimo meio para fugir à rotina do dia-a-dia.

Cristiana Ramos

quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Convite




No dia 3 de Fevereiro, pelas 14.30, na BECRE, seremos visitados pelo escritor e actor Sandro Junqueira, ex-aluno desta escola, que virá partilhar connosco algumas das suas experiências de leitura, escrita e representação.

Aparece! É natural que gostes!