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Ana Gonzaga

Rosário Cardoso







domingo, 28 de novembro de 2010

Pedro Páramo - Juan Rulfo

Quando descobrimos um grande livro, sentimo-lo logo nas primeiras frases, que não são frases, mas música para a alma. Há qualquer coisa que nos faz parar de pensar. A beleza das palavras, da história, das personagens. Tudo se conjuga numa harmonia perfeita e irrepreensível, que nos transporta para um sonho mágico de palavras. A vida real, exterior, pára, remetida à sua insignificância. O livro e o leitor têm-se um ao outro e isso basta. Foi isso que aconteceu quando li Pedro Páramo.

O narrador, Juan Preciado, parte em busca do seu pai - Pedro Páramo - depois da sua mãe morrer. Leva no corpo o desejo de lhe cobrar caro o esquecimento e abandono a que os votou. Toda a história acaba por se desenrolar em Comala, a terra das almas penadas, do inferno e da maldição, abandonada e perdida: «Aquilo está sobre as brasas da Terra, na própria boca do Inferno».
«Quem é Pedro Páramo?», pergunta quando se aproxima de Comala. «Um rancor vivo», respondem-lhe. Juan Preciado é recebido por Eduviges, uma velha que já o esperava, porque a sua mãe, Dolores Preciado, a tinha avisado. «Mas a minha mãe morreu», diz Juan. «Então era por isso que a sua voz estava tão fraca, como se tivesse de percorrer uma distância enorme para chegar até aqui», responde-lhe Eduviges. E é assim que prossegue a aventura numa terra onde não se sabe quem está vivo ou morto ou onde começa a realidade e acaba a imaginação. Há todo um rol de personagens enigmáticas que vão aparecendo ao longo da história. Todos têm algo a contar sobre Pedro Páramo, a erva daninha de Comala, que tudo destruiu e a quem todos estão, bem ou mal, ligados.
Bem ou mal ligados a Pedro Páramo também ficam os leitores: daí o meu fascínio e encanto por este belíssimo livro.
Pedro Páramo pertence ao que se costuma designar por 'realismo mágico' e, por isso, custa imaginar que a ideia para esta história cruel poderá ter partido de alguma situação real. Mas infelizmente parece que a vida de Juan Rulfo não foi nada fantástica.
Frequentemente citado por autores como Jorge Luís Borges, Alvaro Mutis, Carlos Fuentes, Júlio Cortázar e Octavio Paz, Pedro Páramo é uma das obras mais importantes da literatura universal. Autores de outros idiomas, como Günter Grass, Susan Sontag e Gao Xingjian, também fazem parte da lista de admiradores de Juan Rulfo.
Juan Rulfo (1918-1986) figura, apesar de brevidade da sua obra, entre os grandes renovadores do romance latino-americano do século XX. Publicou apenas duas obras de ficção: El llano en llamas (1953) e Pedro Páramo (1955). Este último arrecadou os Prémios Cervantes e Príncipe das Astúrias e consagrou Juan Rulfo como um dos maiores autores da literatura universal.
Já seria de esperar dizer que adorei o livro e fiquei encantada…todo o misto de amor e crueza, mistério e descoberta acabam por nos deixar apaixonados.
Quem sabe todos nós não tenhamos um “Pedro Páramo” na nossa vida…um sonho pela qual andamos perdidos e desejosos de encontrar.

Silvana Bernardes (ex-aluna da ESMTG)

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