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Ana Gonzaga

Rosário Cardoso







segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Papalagui, comentários de Tuivauii, chefe da tribo Tiávea nos mares do Sul


Certo dia, a minha mãe perguntou-me que disciplinas iria eu escolher. Respondi prontamente, Geografia C e Antropologia. A minha mãe entusiasmou-se com a minha escolha pela disciplina de Antropologia e foi mergulhar no seu escritório à procura sabe-se lá de quê. Passaram-se uns 10 minutos e minha mãe não voltava, por fim, lá veio com um livreco na mão. O dito livro era de tamanho pequeno, A5 portanto, era de cor escura, tinha uma estranha imagem de ilustração de capa, e seu autor era um tal de Tuiavii, chefe de uma tribo dos mares do sul. Este livro não me chamou em nada a atenção, mas, pelo contrário, o discurso de minha mãe sim. Ela disse-me que qualquer aluno que quisesse estudar Antropologia deveria de ler este livro. Era, portanto, um livro basilar para o estudo da Antropologia. Era óbvio que eu o iria ler!
Nesse mesmo dia comecei a lê-lo. Logo a introdução, não do autor, mas sim de um alemão, Erich Scheurmann, dá-nos a definição de tão estranho título: Papalagui é o nome que Tuiavii dava ao branco, ao europeu. Ora bem, iremos às definições. Tuiavii era o chefe de uma tribo, que vivia na aldeia de Tiavéa. Essa aldeia situa-se na ilha de Upolu, pertencente ao arquipélago de Samoa, na Indonésia. Estas ilhas eram pertencentes ao Império Alemão do ultramar. Este senhor, chamado Erich Scheurmann, foi um antropólogo que foi viver com esta tribo, dessa aldeia, a fim de a estudar devidamente. No livro estão-nos apresentados todos os escritos do Tuiavii, sobre o Papalagui. Na sua infância, Tuiavii expressou um enorme desejo em visitar as terras da longínqua Europa. Contudo, apenas na idade adulta conseguiu tal feito. Ele visitou um por um todos os países europeus, assimilando conhecimentos precisos sobre o modo de vida e a cultura desses países. Este indígena, sem cultura erudita, possuía uma enorme capacidade de observação e conseguia tirar importantes ilações de coisas aparentemente insignificantes para nós. Essa observação era neutral, isenta de presunção ou preconceitos; nada o desviava da verdade, embora não abandonasse o seu ponto de vista.

O antropólogo Erich, teve um importante papel na difusão destes textos tão importantes para o estudo da Antropologia. Ele viveu na aldeia do Tuiavii durante mais do que um ano e tornou-se amigo do chefe da tribo. Este, por sua vez, mostrou-lhe os seus textos e deixou-o traduzi-los para alemão. Erich publicou-os após a sua chegada à Alemanha, sem o conhecimento do samoense.

Ora bem, e o que tem de tão interessante para nos contar que nós não saibamos? Tem toda uma nova perspectiva da nossa sociedade; tem a sua visão clara e a sua linguagem simples que nos mostram a sua filosofia que não provem do estudo mas sim da observação. É essencialmente um livro diferente; com uma perspectiva diferente. Pensemos nisto: se consideramos as sociedades do Oriente ou da Ásia diferentes, observemos quão diferente é a nossa sociedade para eles. Os Samoenses podiam não ter nenhum tipo de educação similar à nossa, nem conhecimentos eruditos como nós, mas não eram nenhuns “coitadinhos” para nós termos pena deles, muito pelo contrário, eles é que, à luz dos discursos do seu chefe de tribo, tinham pena de nós, por vivermos numa sociedade mergulhada nas trevas e fora do conceito de Deus.

Aconselho vivamente todos a lerem este livro, para melhor compreenderem a nossa sociedade.


Ruben Santos

3 comentários:

  1. Muito bem Ruben. Está muito giro o texto

    Michael

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  2. A tua mãe tem razão. Ler o Papalagui é importante para despertar a nossa sensibilidade para conhecer, compreender e respeitar a diversidade cultural.
    Como escreveu um filósofo norte-americano, existem diferentes modos de fazer mundos. Cada um de nós vê e constrói uma versão do mundo.

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  3. Já li o livro e adorei.
    Um livro que toda as pessoas deviam de ler.
    Fáz-nos pensar em muita coisa, principalmente na quantidade de insignificâncias que temos na nossa vida.
    Passamos uma vida inteira a perder tempo, preocupando-nos com coisas minimas.

    Peçam o Livro ao Ruben, ele empresta :)

    Silvana.

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